Retrato del Alfredo Pérez Alencart (1) de Emerenciano
Crear en Salamanca tiene el privilegio de publicar, por vez primera, seis textos de destacados poetas portugueses y brasileños en torno al último libro del poeta peruano-salmantino Alfredo Pérez Alencart. Se trata de ‘El pie en el estribo’ (Edifsa, Salamanca, 2016, pp. 66. Tiene pintura de portada de Miguel Elías). Y como un homenaje a la lengua de Luís Vaz de Camões y Carlos Drummond de Andrade, los publicamos en la hermosa lengua que alcanza a toda la Lusofonía.
Las pinturas y serigrafías, hechas en 2007, son obra del destacado pintor portugués Emerenciano Rodrigues, residente en Oporto y amigo de Alencart. Emerenciano ha retratado a notables poetas y escritores, como Fernando Pessoa, Eugenio de Andrade, Albano Martins o Jorge Amado, entre otros.
ALBANO MARTINS
(Fundão, Portugal)
UMA VIAGEM PELO TERRITÓRIO DO HUMANO…
O teu «estribo» – o teu «Quijote» – é o testemunho daquela «fértil utopía» de que fala o poema da p. 16. Os teus olhos, «dedicado(s) a mirar / la otra realidad invicta», procuram, através do cerrado bosque cervantino, o «lugar / de lo que perdura». E, se «la victoria está en el futuro», também é lá que estão os teus poemas. Por outras palavras: voltar a Cervantes e ao seu Quixote através da tua poesia é, de algum modo, percorrer o caminho em sentido inverso: esse que, pelos meandros do presente, nos transporta ao passado. Mas é também percorrer os caminhos do futuro, que são os do sonho e da imaginação, sem a qual o mistério seria uma palavra vã e a poesia o lugar de todas as utopias. Mas não: poesia e vida caminham de mãos dadas, vão no mesmo sentido, apontam na mesma direcção. Adaptando à circunstância o verso de António Machado, diremos que se cria andando. E, na verdade, andantes somos nós todos, todos somos cavaleiros andantes, todos nos situamos entre a realidade e o sonho.. Todos esgrimimos contra moinhos e temos a nossa Dulcineia. Todos somos, enfim, quixotes e sanchos duma aventura a que chamamos Vida. O poeta, esse, é um duplo caminhante: os seus trilhos são os da vida, mas também os da linguagem. Os poemas de «El pie en el estribo», no seu ritmo ora largo, ora sincopado, é isso que nos oferecem: uma viagem pelo território do humano, com a imaginação à ilharga. «Limo(s) obscuro(s)» que somos «de la contienda / que no se olvida».
Vila Nova de Gaia
29 de Abril de 2016
Retrato del Alfredo Pérez Alencart (2) de Emerenciano
ÁLVARO ALVES DE FARIA
(São Paulo, Brasil)
A POESIA DO LOUVOR
Mais uma vez o poeta Alfredo Perez Alencart deixa que sua poesia percorra esse rio de sentimentos humanos para dignificar essa mesma poesia que está carecendo de cuidados especiais. Cuidados especiais como este belíssimo canto de louvor “El pie em el estribo”, em que a poesia se faz mais viva colhendo as sementes de Quixote, esse cavaleiro da triste figura que ousou sonhar e deixar que seu sonho vivesse ao longo do tempo.
O poema de Alfredo Perez Alencart toca a dignidade humana num tempo de absoluto massacre da beleza que insiste existir ainda, apesar de toda a brutalização reinante. E o poeta Alfredo Perez Alencart é esse Quixote a percorrer os caminhos para descobrir o mundo e torna-lo melhor. Caminha essa poeta cultivando seu sonho, o que nunca se poderá perder. Será sempre preciso sonhar, sempre será preciso erguer as mãos e clamar a palavra necessária, o louvor da poesia que se acrescenta e se cobre de vida, para que todos possam viver.
Os quixotes existem para o bem das coisas que ainda restam num mundo sem rumo. Existem e fazem de sua palavra a prece necessária para que o sol, afinal, possa pertencer a todos e não somente a alguns. Este belo canto desse poeta peregrino que leva o sonho da poesia e da vida revela ser necessário enfrentar com a lança da solidariedade toda a hostilidade que devora a palavra e a fé num mundo melhor.
Esse poeta peregrino da palavra Alfredo Perez Alencart escreve uma poesia digna. Especialmente digna e nobre no que tem a dizer, um poema que se estende muito além das palavras e do próprio poema, porque alcança o ser humano na sua mais profunda intimidade diante de um mundo destruído em quase tudo.
Alfredo é esse Quixote a percorrer os caminhos ainda possíveis. Esta poesia é tocante. Esta poesia é comovente. E é comovente em suas palavras solidárias, essa busca que não termina nunca naqueles que não deixam de sonhar com um mundo melhor. Basta compreender este poema em suas palavras que cortam um tempo de escuridão e deixa que a luz brilhe.
Ninguém tem ou terá o direito de apagar essa luz. Para isso existem ainda a poesia e poetas como Alfredo Perez Alencar, essa poesia que abre o deserto de ideias e das intolerâncias. Essa poesia encontrada aqui neste “El pie en el estribo”, um livro de louvor à poesia e ao sonho ainda possível de sonhar.
27 de Abril de 2016
Retrato del Alfredo Pérez Alencart (3) de Emerenciano
PAULO JOSÉ COSTA
(Leiria, Portugal)
UM EXTRAORDINÁRIO CONJUNTO DE POEMAS…
A Poesia é um território indizível, um plano de múltiplas interpelações e mistérios. Nada melhor que um verso de Alfredo Pérez-Alencart para traduzir essa espécie de voo e regozijo: «Somos una sola carne tomando altura en lo sagrado». Estas são as últimas palavras com que encerra (mas igualmente inaugura!) o seu mais recente livro de Poemas “El pie en el estribo”. Cito esse belíssimo excerto do Poema que dedica a sua mulher Jacqueline num assumido tom de reverberação. Esta obra poética, alcança um vincado estilo épico, contendo uma forte alusão ao imaginário de D. Quixote. Trata-se de um extraordinário conjunto de poemas, somente possível num autor maduro e virtuoso, que tão bem sabe manejar as palavras que tecem toda a realidade, ou o que provém da imaginação, numa plena sensação de liberdade e de edificação do amor, temas sempre infinitamente inesgotáveis no universo narrativo que percorre esse assombro que é a poética, de onde se entreabrem as portas “divinas” do Mundo. Por tudo isto, façamos jus ao que afirma num dos versículos cervantinos, que entrecruza com os seus poemas: que tão perto do que perdure, todos os lugares desejem o espaço infinito e vivo do coração.
29 de Abril de 2016
Obra de Emerencino
JOSÉ EDUARDO DEGRAZIA
(Porto Alegre, Brasil)
A POESIA GALOPA O SENTIDO
Peço licença a Cervantes, peço licença ao poeta Alfredo Pérez Alencart, para botar o meu pé no estribo de Rocinante para galopar nas campinas verdejantes da imaginação poética deste último poeta, que acaba de lançar El pie en el estribo, poesia quixotesca (e qual não é?) que homenageia o imortal Cervantes, ou melhor, o imperecível D. Quixote de La Mancha. Há 440 anos morria o manco de Lepanto, mas a língua em que escreveu, e o personagem que criou, continuam beneficamente influenciando os escritores de todas as idades, gerações e latitudes. Alfredo não teme todo este passado, e o retoma criando uma obra original, que vem para ocupar um lugar importante nos festejos cervantinos.
Como dizia Ortega y Gasset no seu Meditações do Quixote: “Não foi escrito o livro no qual se demonstre em pormenor que toda novela leva dentro, como íntima filigrana , o Quixote; da mesma maneira que todo poema épico leva em si, como fruto, o caroço, a Ilíada.” A poesia de Alfredo Pérez Alencart traz dentro dela todas estas vertentes, e delas se alimenta. É épica e lírica, é dramática e trágica. É poesia que nos remete à tradição na medica que trabalha um texto clássico, e é original e contemporânea na proporção mesma de sua forma e construção, a que alia tudo com a realidade do Autor e do mundo em que vive.
Em artigo recente, diz sobre a poesia de Alencart, o poeta Juan Mares: “La poesia amaina los temores a la muerte, da fe de su transcurrir ineludible y nos reconcilia con la vida como unidad social”. Acertadas palavras sobre uma poesia que vem do Eu lírico mais profundo, mas que se reconcilia com o real, com a vida, através do herói quixotesco e sua saga voluntariosa em busca da justiça e do bem. Poesia que encontra na busca pela justiça, no encontro do amor e da mulher, a estrada larga onde se pode botar o pé no estribo e cavalgar através das campinas da imaginação e da realidade.
Sobre o arcabouço formal dos poemas, remeto os leitores ao texto Un poemario lleno de fortalezas do mesmo autor.
Já no início nos diz o poeta lapidarmente a que veio: Fijo en el orizonte, / un sol de ayer / como fértil utopía. O homem Alfredo assume sua persona quixotesca como poeta olhando para frente, mas mergulha num sol de ontem onde está toda a aventura e utopia. A poesia assim, é futuro e passado, é realidade e fantasia. E o olhar do leitor passa dos poemas da página esquerda para os poemas da página à direita como se cavalgasse metros e medidas, textos e contextos. De um lado seco e metafísico, do outro lado correnteza e vida.
No poema “l” continua o poeta nos dando as definições de sua alquimia: “Poesía, epicentro del recuerdo / y de lo porvenir”. Esta definição poética sobre o debruçar-se sobre a linguagem deveria estar, obrigatoriamente, em todas as antologias que tratam literariamente sobre o assunto. Deve ser marcada a fogo sobre as madeiras e os mármores. Devemos repeti-la como as crianças de antigamente repetiam o abecedário.
E os nossos olhos vão de um lado a outro, numa viagem pós-moderna: passamos de um texto a outro, de uma forma à outra, de um sentir a um compreender sem que nos demos conta. Ou melhor, nos damos conta, mas nos deixamos levar na correnteza da aventura a que o poeta nos conduz, como bom cavaleiro que é: ora a trote, ora a galope: no poema X: Ante mi cabalga un quijote cuya figura tiene de Sancho / Fuime solo y volvime acompañado.
Na página da esquerda nossos olhos já pousam sobre a sentença em que quixote/ou sancho vê com nitidez a opacidade dos interesses que movem muitas vezes, e infelizmente, o mundo. Poema “ll”: Alta fidelidade/ la del escudeiro o amigo/ que ve opacas / las monedas del daño. Precisamos um Sancho Pança dentro de nós para não cairmos na tentação do aparente. Só sendo sanchos, além de quixotes, podemos ter a real medida do que acontece à nossa volta.
No poema XVII entramos em outra sesmaria, a do amor pacificado e da esperança na justiça: “Hombres que soñais con el amor entre los lábios / promételos que habrá justicia si sabeis perdonar.” E no mesmo poema permite-nos a festa, a alegria em nossa vida: “Hombres generosos hay fiesta en los caminos.”
Quase terminando o livro, mas nos remetendo para uma dimensão maior de humanidade, o poeta no poema “m” nos permite toda ventura/aventura dos caminhos: “Tú solo posees / el mapa de un cuerpo”.
No Poema Final a chave de tudo, a possibilidade de um futuro melhor para a humanidade: “Nuestro corazón ha visto un día futuro por el reino”.
A poesia de Alfredo Pérez Alencart atinge nestes poemas uma voltagem que só os poetas amadurecidos nas viagens interiores e exteriores conseguem chegar. Poeta da América e da Espanha, da tradição e da modernidade, é Alencart um homem do mundo. Viaja nas estradas e nas letras e nos conta tudo o que viu em altíssima poesia. Alencart é um poeta quixote. Como todos nós.
1 de Maio de 2016
Retrato del Alfredo Pérez Alencart (4) de Emerenciano
MARIA DO SAMEIRO BARROSO
(Braga, Portugal)
«El pie en el estribo», último livro do salmantino-peruano, Alfredo Pérez de Alencart, lança-nos, de imediato, nas raízes mais férteis da literatura hispânica e ampliam-se no fluido e sólido caudal da sua luminosa poesia. O livro estrutura-se em dois registos paralelos, nos quais, três epígrafes de intenso fulgor se espraiam num poema longo, no qual projectam a sua amplíssima respiração. Nela pulsam os cavalos, a névoa ardente, ou as inquietações obscuras de vida e morte que se abrem em límpidos pulmões de transparência e sol. O sonho, a utopia, o louvor, a surpresa, o sorriso, a espada vertical, a torpeza do mundo são tópicos deste universo inefável de cânticos e de lágrimas. As palavras são deslumbres, lâmpadas, ecos ancestrais ou cintilações sagradas, recriadas pelos arpões da memória.
Em Alfredo Pérez de Alencart, como em toda a grande poesia, a criação é una, a chama poética é a carne etérea da própria vida, o silêncio que encerra o azul, o açafrão ou as inevitáveis tormentas da luz, da treva e da seiva. Por isso, os leões negros se deitam, entre pedras e silêncio, nos tapetes suaves do amor, da tranquilidade e da alegria.
Lisboa, 2 de Maio de 2016
Retrato del Alfredo Pérez Alencart (5) de Emerenciano
MARCIA BARROCA
(Lopoldina, Minas Gerais, Brasil)
No livro, El pie en el estribo, Alfredo Perez Alencart, nos envolve diante de um Quixote sonhador, porém pleno de uma poesia retumbante, como só os poetas cuidadosos de seu ofício, possuem. Alfredo nos conduz a uma realidade que nada, nem mesmo o tempo pode apagar, porque somos obrigados a caminhos, onde muitos moinhos de vento nos conduzem a fazer escolhas. «He amputado realidades que no se sustentan en el corazón. / He enjaulado al león negro que en otro tiempo demostró mala conducta”. Enjaular a fera que vive dentro de nós e deixar brotar a beleza que vem do sonhar. Esta Luz, que nos afaga, plena de reflexões, madureza, energia aventureira e também religiosa, ensina-nos o quanto é preciso viver em plena sintonia com a verdade íntima, com a grandeza de poder viver os sonhos, através dos profundos versos de um grande poeta.
E pie en el estribo, me fez sonhar.
Rio de Janeiro, 2 de Maio de 2016
El artista lusitano Emerenciano
El poeta Albano Martins por Emerenciano
mayo 21, 2016
Felicitaciones, amigo Alencart. Me complace comprobar lo mucho que también se te aprecia en Brasil y Portugal. Y enhorabuena por tu nueva obra poética.
mayo 21, 2016
Atractivos comentarios sobre la obra del poeta Alencart. Y lo cierto es se entiende el portugués, si uno se lo propone.
mayo 22, 2016
Me alegro de tus éxitos, Alfredo
mayo 22, 2016
Caro Alencart: Todas essas homenagens – e outras – serão justas e, ainda, incompletas. Acrescento meus parabéns, com um abraço afetuoso.
mayo 22, 2016
Muito sucesso!
Parabéns !
mayo 22, 2016
Alfredo: Que esta tua obra tenha o sucesso que merece. Partilharei entre os amigos e autores da Poesia que me são próximos.
mayo 22, 2016
Celebro que al poeta Pérez Alencart se le lea y comente entre los hermanos brasileños y portugueses.
mayo 22, 2016
Felicitaciones, caro Alfredo.
Que sigás con la estela de tu buena poesía.
mayo 23, 2016
Interesante aporte de la siempre valiosa poesía portuguesa. Y gracias por esta ventana, que ahora me permite conocer nombre de la lírica brasileira.
mayo 23, 2016
Felicitaciones, estimado paisano.
mayo 23, 2016
Alfredo. Va mi enhorabuena por este reconocimiento de destacados poetas de la hermosa lengua portuguesa.
mayo 24, 2016
Parabéns, caro Alfredo!
Que se repitam muito, muito…
mayo 25, 2016
Me alegra y enorgullece el galardón recibido por el poeta, paisano y amigo Antonio Colinas . Me alegra y emociona la trayectoria del poeta sin fronteras y más que amigo Alfredo Pérez Alencar .
mayo 25, 2016
Es una hermosa página la que dedican estos poeta, amigo Alfredo.
mayo 25, 2016
Que se sucedan las traducciones y los logros, estimado poeta.
mayo 27, 2016
Te felicito, amigo Alfredo. Y felicito a los poetas que tan bien escriben sobre tu último libro de poemas.