POEMAS Y CEREMONIA DE ENTREGA DEL I PREMIO INTERNACIONAL DE POESÍA ANTÓNIO SALVADO – CIUDAD DE CASTELO BRANCO

 

 

António Salvado, en un momento de la ceremonia

 

 

Crear en Salamanca tiene el privilegio de publicar, poemas, textos institucionales e imágenes de la ceremonia de entrega del I Premio Internacional de Poesía António Salvado – Ciudad de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, acto celebrado el pasado sábado 19 de octubre en el Museo Tavares Proença Júnior, con la presencia de Luís Correia, presidente de la Cámara Municipal de Castelo Branco; de Leopoldo Rodrigues, presidente de la Junta de Freguesia de Castelo Branco; de António Salvado, patrono del premio y de Alfredo Pérez Alencart, presidente del jurado de dicho galarón internacional. Este emblemático acto, donde se presentaron los libros ganadores publicados por Labirinto Editora,  estuvo enmarcado en el festival “ROIZ – Encontro de Música e Poesia Luso-Hispano- Americano”, celebrado en la ciudad lusitana de Castelo Branco entre el 17 y el 18 de octubre.

 

FOTOS DE JACQUELINE ALENCAR Y ALEXANDRE PINTO LOBO (BEIRA BAIXA TV)

 

 

Alencart, Salvado, Rodrigues, Rodríguez y Correia

 

 

PALABRAS DE LUÍS CORREIA, PRESIDENTE

DE LA CÁMARA MUNICIPAL DE CASTELO BRANCO

 

 

A primeira edição do Prémio Internacional de Poesia António Salvado — Cidade de Castelo Branco, criado em homenagem ao poeta albicastrense e lançado pelo Município e Freguesia de Castelo Branco em 2018 e concluído em janeiro de 2019, foi um êxito retumbante: mais de 500 participantes, oriundos de 36 países. O facto de mais de quinhentos autores de aquém e além Atlântico terem confiado na credibilidade deste evento, projeta-o, no futuro como um evento cultural de referência iniludível no panorama poético ibero-americano.

 

Nesta primeira edição a vencedora do prémio de poesia escrita em língua portuguesa foi Maria João Pessoa, advogada, escritora e leitora apaixonada, que apresentou a concurso o poemário “Emoções fora da Lei”. Para esta autora um bom poema é uma cilada emocional, porque, como ela diz, conheço a poesia só de amar, e, de milímetro a milímetro, medir a música que a cobre…

 

O vencedor do prémio de poesia escrita em língua castelhana foi o poeta mexicano Gerardo Rodriguez, que apresentou a concurso o poemário “Poemas de Almanaque para entreter marionetas” que diz de si mesmo o seguinte: Já me apresentaram como pintor, arquiteto, poeta, contador de histórias. Eu digo à minha esposa que me sinto um criador. Porque todas essas disciplinas são criativas e podem ser misturadas, seja qual for o plano em que me coloquem, tenho essa inquietação de modificar, ser, construir e sinto que tudo dará certo.

 

Para a edição das obras vencedoras nos dois idiomas considerados, António Salvado traduziu para português o livro de Gerardo Rodriguez, enquanto Alfredo Alencart traduziu para castelhano o livro de Maria João Pessoa, cabendo também ao poeta Alencart a autoria do prólogo.

 

Agora que conclui todo o processo referente à primeira edição, são grandes e merecidas as expectativas quanto à próxima edição do Prémio Internacional de Poesia António Salvado — Cidade de Castelo Branco.

 

Até lá, em Castelo Branco, continuaremos a honrar a poesia, os poetas albicastrenses e a estreitar, ainda mais, os laços culturais entre Castelo Branco, Salamanca, a Ibéria e todos os mundos da poesia.

 

 

Intervención de Leopoldo Rodrigues

PALABRAS DE LEOPOLDO RODRIGUES,

PRESIDENTE DE LA JUNTA DE FREGUESIA DE CASTELO BRANCO

 

 

Castelo Branco, topónimo intrinsecamente associado a um dos nomes de maior relevo da história da lírica portuguesa – João Roiz de Castelo Branco – com a criação de um prémio literário no âmbito da poesia reafirma-se com extrema vitalidade nos horizontes da criação poética ibero-americana contemporânea.

 

A concretização do “Prémio Internacional de Poesia António Salvado Cidade de Castelo Branco” significou a capacidade manifestada por esta Junta de Freguesia, sempre em sintonia com os desígnios traçados pela Câmara Municipal de Castelo Branco, no sentido de levar a bom termo um projeto que, sem dúvida, corporizou uma original ponte de convergências de geografias literárias do mundo ligadas por duas das línguas mais importantes da península ibérica: a castelhana e a portuguesa.

 

Com a constituição deste prémio pretendeu-se, também, evidenciar a qualidade de uma das oficinas poéticas mais fecundas e originais do século XX – a obra do cidadão e poeta albicastrense António Salvado – cuja dimensão e qualidade há muito tempo que ultrapassaram as muralhas da nossa ilha vivencial para conseguir alcançar um horizonte internacional.

 

Apraz-nos, ainda, salientar o número elevado de poetas concorrentes oriundos de tantos e tantos países da América e da Europa (centenas e centenas) que, com a sua participação, confirmaram que a poesia nega fronteiras aproximando os homens e as terras, sendo a linha de convergência de mundos internos e externos, de angústias e de esperanças.

 

Os nossos parabéns aos premiados poetas Maria João Pessoa e Gerardo Rodriguez e um grande bem-haja a toda a desinteressada equipa de cidadãs e de cidadãos que chamaram a si a árdua tarefa de conseguirem levar a cabo esta 1ª edição do “Prémio Internacional de Poesia António Salvado Cidade de Castelo Branco”.

 

Um forte e sentido abraço de amizade e gratidão ao Alfredo Alencart e à Jacqueline Alencar, ao Pedro Salvado e ao António Salvado. O prestígio, o sucesso e a notoriedade que o Prémio já alcançou, muito deve ao seu trabalho e à sua generosidade.

Albicastro porto de partidas e de chegadas de todos os ventos poéticos do mundo: vamos continuar a viagem.

 

 

***

 

 

Salvado y Rodríguez

 

Posteriormente hubo unas breves intervenciones de António Salvado, Alfredo Pérez Alencart y del ganador en lengua castellana, el mexicano Gerardo Rodríguez. Luego este leyó un poema suyo, muy propicio para la ocasión, pues fuera del recinto la lluvia caía. Luego Antonio Salvado, traductor del libro, hizo lo propio con su versión portuguesa.

 

 

POEMA DE GERARDO RODRÍGUEZ

 

 

  Lectura de Gerardo Rodríguez

 

 

 

TODAVÍA HOY ES LLUVIA…

 

 

Todavía hoy es lluvia.

 

Detrás de las orillas dobles de la luz

que arrastra oscuridad de otros días

y las puertas mal cerradas,

adonde no queda ninguna intimidad,

llegan trenes, barcos, cartas

pero la calma no.

 

El cuarto de paredes deshojadas

se llena de un murmurar a dos voces

y el ruido de las horas al caer en mis bolsillos.

 

Olvidas la costumbre de borrar tus pasos,

desprenderte las miradas que llevas encima,

dejar a un lado tu sombra de tinta roja

y ocultar las palabras usadas para decirme que te quema el frío

y pedir te desnude despacio

pasando las manos sobre la piel

como si tocara un agua conmovida que no duerme.

 

Dejas de ser tú para tomar mi nombre

como se pronuncia lo que nunca se ha visto,

y yo poder tomar tu cuerpo en un edén guardado

en la memoria.

 

Que míos sean tus manos, pies, muslos

en un palmo de cielo de color inmóvil

y busque tus pechos bajo mi boca.

 

Que míos sean con grave apremio

tus vellos púbicos

para cumplir la lentitud del gozo.

 

En un recuerdo lento que se creía perdido

vivimos lo que fuimos

y lo que en algún momento vamos a ser.

 

En una tarde que se confunde con la noche

vivimos la vida secreta de otros sin contar los besos.

 

Casi ya no estamos,

apenas somos los mismos aunque se conserven los gestos,

y junio no nos abriga,

pero tu desnudo siempre se parece a ti.

 

Sólo me queda pedirte que mañana me esperes

bajo una nube rota.

 

 

Lectura de António Salvado

 

 

NO ENTANTO HOJE É CHUVA…

 

 

No entanto hoje é chuva.

 

Detrás das duplas margens da luz

que arrasta a escuridão de outros dias

e as portas mal fechadas,

onde não permanece intimidade alguma,

chegam comboios, barcos, cartas

mas a calmaria não.

 

O quarto de paredes desfolhadas

enche-se de um murmurar a duas vozes

e o ruído das horas ao cair nos meus bolsos.

 

Esqueces o hábito de apagar os teus passos,

desprender-te os olhares que levas em cima,

deixar a um lado a tua sombra de tinta vermelha

e ocultar as palavras usadas para dizer-me que o frio te queime

e pedir que te dispa lentamente

passando as mãos sobre a pele

como se tocasse em água inquieta.

 

Deixas de ser tu para tomares o meu nome

como se pronuncia o que nunca foi visto,

e eu poder tomar o teu corpo num éden conservado

na memória.

 

Que sejam minhas tuas mãos, pés, coxas

num palmo de céu de cor imóvel

e procure os teus seios sob a minha boca.

 

Que sejam meus com grave constrangimento

os teus pelos púbicos

para realizar a lentidão do gozo.

 

Numa lenta lembrança que se julgava perdida

vivemos o que fomos

e o que em certo momento seremos.

 

Numa tarde que se confunde com a noite

vivemos a vida secreta de outros sem contarmos os beijo.

 

Quase que já não estamos,

apenas somos os mesmos ainda que se conservem nos gestos,

e junho não nos abriga,

mas a tua nudez sempre se parece a ti.

 

Só me resta pedir-te que amanhã me esperes

sob uma nuvem desfeita.

 

  Gerardo Rodríguez y António Salvado

 Rodríguez firmando ejemplares de su libro

 

 

POEMAS DE MARIA JOÃO PESSOA

 

Por motivos de enfermedad, la ganadora del premio en lengua portuguesa, Maria Joao Pessoa no pudo asistir al acto de entrega. La poeta Milola Barata leyó dos poemas del libro, mientras que Alfredo Pérez Alencart, traductor del mismo lo hizo con sus versiones al castellano.

 

Maria João Pessoa (foto de archivo)

 

 

O POEMA COMO UMA UNIDADE FAMINTA

 

Não sei como dizer

boca

quando se murmura um nome como fogo

que provém do sangue.

O incêndio enche um cântaro

de pensamento, isto é,

o coração se levanta

vio

len

ta

men

te.

 

É a fome que conduz os animais

aos lugares de cima. A boca a recolher

os objectos na posição de oferta –

a tarefa de verter as vísceras para a poesia.

 

Não sei como dizer

que o corpo traz a grande paixão

que levita sobre a respiração

dos poemas

de onde retira tudo o que lhe interessa.

O poema

como uma unidade faminta

em estado de amor.

 

 

Lectura de Alfredo Pérez Alencart

 

 

EL POEMA ES COMO UNA UNIDAD HAMBRIENTA

 

 

No sé cómo decir

boca

cuando se murmura un nombre como fuego

que proviene de la sangre.

El incendio llena un cántaro

de pensamiento, esto es,

el corazón se levanta

vio

len

ta

men

te.

 

Es el hambre que lleva a los animales

a los lugares más elevados. La boca recogiendo

los objetos en posición de ofrecimiento –

la tarea de verter las vísceras para la poesía.

 

No sé cómo decir

que el cuerpo trae la gran pasión

que levita sobre la respiración

de los poemas/de donde coge todo lo que le interesa.

El poema

como una unidad hambrienta

en estado de amor.

 

 Milola Barata y A. P. Alencart durante la lectura de los poemas

 

FÔLEGO

 

Igual a este fôlego longo

da carne

o odor dos ramos baixos

a respirar

como um cardume transparente

que queima os cabelos.

As casas sonoras cantam pelas salas

amarrando a minha boca

com sal.

Não deixam descansar,

elas sorriem pelo silêncio

em volta.

Os pés a encherem o espaço, um equilíbrio súbito

das tábuas

abrindo o espaço todo, o pensamento terrível da lua

debruçada

na janela semelhante a uma paisagem.

 

O animal a construir um talento de imagens dolorosas

a ferir os olhos

com o peso da estupefação a enterrar-se na madeira.

Os dentes, a língua doce da paixão.

 

Parete del público asistente

 

 

ALIENTO

 

Igual que este largo aliento

de la carne

El olor de las ramas bajas

Respirando

como un cardumen transparente

que quema los cabellos.

Las casas sonoras cantan por las salas

amarrando a mi boca

con sal.

No dejan descansar,

ellas sonríen por el silencio

alrededor.

Los pies llenando el espacio, un equilibrio súbito

de las tablas

abriendo todo el espacio, el pensamiento terrible de la luna

recostada

en la ventana, igual que un paisaje.

 

El animal construyendo un talento de imágenes dolorosas

que hieren los ojos

como el peso de la estupefacción enterrándose en la madera.

Los dientes, la lengua dulce de la pasión.

 

 

 

La ceremonia, que también contó con la lectura de un texto por parte de los poetas invitados, se clausuró con dos interpretaciones de Ana Paula Gonçalves, Custódio Castelo, José Raimundo, Miguel Carvalhinho y Pedro Ladeira.

 

 

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